quarta-feira, abril 04, 2007

voltar...

Foi bom meninas, muito bom...

Longe de ser perfeito (o trabalho leva-se para todo o lado...) foi uma noite inesquecível... E por mais razão nenhuma a não ser ter estado com vocês... Todas... Tantas... Nós, as nossas vozes, os nossos instrumentos, a nossa (mais vossa) energia...

Sabe sempre bem, muito bem, regressar a um sítio que é como uma casa... só que maior!

Obrigada por terem feito este regresso tornar-se tão doce...

domingo, fevereiro 11, 2007




Aqui fica um texto sobre as minhas origens, sobre a minha família, sobre os sítios onde pude crescer... Fale sobre mim, um bocadinho, mas só para não parecer presunçosa...





"O Norte é mais Português que Portugal.

As minhotas são as raparigas mais bonitas do País.

O Minho é a nossa província mais estragada e continua a ser a mais bela.

As festas da Nossa Senhora da Agonia são as maiores e mais impressionantes
que já se viram.

Viana do Castelo é uma cidade clara. Não esconde nada. Não há uma Viana
secreta. Não há outra Viana do lado de lá. Em Viana do Castelo está tudo à
vista. A luz mostra tudo o que há para ver. É uma cidade verde-branca.
Verde- rio e verde-mar, mas branca. Em Agosto até o verde mais escuro, que
se vê nas árvores antigas do Monte de Santa Luzia, parece tornar-se branco
ao olhar. Até o granito das casas.

Mais verdades.

No Norte a comida é melhor.

O vinho é melhor.

O serviço é melhor.

Os preços são mais baixos.

Não é difícil entrar ao calhas numa taberna, comer muito bem e pagar uma
ninharia.

Estas são as verdades do Norte de Portugal.

Mas há uma verdade maior.

É que só o Norte existe. O Sul não existe.

As partes mais bonitas de Portugal, o Alentejo, os Açores, a Madeira,
Lisboa, et caetera, existem sozinhas. O Sul é solto. Não se junta.

Não se diz que se é do Sul como se diz que se é do Norte.

No Norte dizem-se e orgulham-se de se dizer nortenhos. Quem é que se
identifica como sulista?

No Norte, as pessoas falam mais no Norte do que todos os portugueses juntos
falam de Portugal inteiro.

Os nortenhos não falam do Norte como se o Norte fosse um segundo país.

Não haja enganos.

Não falam do Norte para separá-lo de Portugal.

Falam do Norte apenas para separá-lo do resto de Portugal.

Para um nortenho, há o Norte e há o Resto. É a soma de um e de outro que
constitui Portugal.

Mas o Norte é onde Portugal começa.

Depois do Norte, Portugal limita-se a continuar, a correr por ali abaixo.

Deus nos livre, mas se se perdesse o resto do país e só ficasse o Norte,
Portugal continuaria a existir. Como país inteiro. Pátria mesmo, por muito
pequenina. No Norte.

Em contrapartida, sem o Norte, Portugal seria uma mera região da Europa.
Mais ou menos peninsular, ou insular.

É esta a verdade.

Lisboa é bonita e estranha mas é apenas uma cidade. O Alentejo é especial
mas ibérico, a Madeira é encantadora mas inglesa e os Açores são um caso à
parte. Em qualquer caso, os lisboetas não falam nem no Centro nem no Sul -
falam em Lisboa. Os alentejanos nem sequer falam do Algarve - falam do
Alentejo. As ilhas falam em si mesmas e naquela entidade incompreensível a
que chamam, qual hipermercado de mil misturadas, Continente.

No Norte, Portugal tira de si a sua ideia e ganha corpo. Está muito
estragado, mas é um estragado português, semi-arrependido, como quem não
quer a coisa.

O Norte cheira a dinheiro e a alecrim.

O asseio não é asséptico - cheira a cunhas, a conhecimentos e a arranjinho.


Tem esse defeito e essa verdade.

Em contrapartida, a conservação fantástica de (algum) Alentejo é mpecável,
porque os alentejanos são mais frios e conservadores (menos portugueses)
nessas coisas.

O Norte é feminino.

O Minho é uma menina. Tem a doçura agreste, a timidez insolente da mulher
portuguesa. Como um brinco doirado que luz numa orelha pequenina, o Norte

nas vistas sem se dar por isso.

As raparigas do Norte têm belezas perigosas, olhos verdes-impossíveis,
daqueles em que os versos, desde o dia em que nascem, se põem a escrever-se
sozinhos.

Têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de
frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão
confiança. Olho para as raparigas do meu país e acho-as bonitas e honradas,
graciosas sem estarem para brincadeiras, bonitas sem serem belas, erguidas
pelo nariz, seguras pelo queixo, aprumadas, mas sem vaidade. Acho-as
verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da maneira como coram
quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma
panela, quando se lhes falta ao respeito. Gosto das pequeninas, com o
cabelo
puxado atrás das orelhas, e das velhas, de carrapito perfeito, que têm os
olhos endurecidos de quem passou a vida a cuidar dos outros. Gosto dos
brincos, dos sapatos, das saias. Gosto das burguesas, vestidas à maneira,
de
braço enlaçado nos homens. Fazem-me todas medo, na maneira calada como
conduzem as cerimónias e os maridos, mas gosto delas.

São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem. As mulheres do Norte
deveriam mandar neste país. Têm o ar de que sabem o que estão a fazer. Em
Viana, durante as festas, são as senhoras em toda a parte. Numa procissão,
numa barraca de feira, numa taberna, são elas que decidem silenciosamente.

Trabalham três vezes mais que os homens e não lhes dão importância
especial.
Só descomposturas, e mimos, e carinhos.

O Norte é a nossa verdade.

Ao princípio irritava-me que todos os nortenhos tivessem tanto orgulho no
Norte, porque me parecia que o orgulho era aleatório. Gostavam do Norte só
porque eram do Norte. Assim também eu. Ansiava por encontrar um nortenho
que
preferisse Coimbra ou o Algarve, da maneira que eu, lisboeta, prefiro o
Norte. Afinal, Portugal é um caso muito sério e compete a cada português
escolher, de cabeça fria e coração quente, os seus pedaços e pormenores.
Depois percebi.

Os nortenhos, antes de nascer, já escolheram. Já nascem escolhidos. Não
escolhem a terra onde nascem, seja Ponte de Lima ou Amarante, e apesar de
as
defenderem acerrimamente, põem acima dessas terras a terra maior que é o "O
Norte".

Defendem o "Norte" em Portugal como os Portugueses haviam de defender
Portugal no mundo. Este sacrifício colectivo, em que cada um adia a sua
pertença particular - o nome da sua terrinha - para poder pertencer a uma
terra maior, é comovente.

No Porto, dizem que as pessoas de Viana são melhores do que as do Porto. Em
Viana, dizem que as festas de Viana não são tão autênticas como as de Ponte
de Lima. Em Ponte de Lima dizem que a vila de Amarante ainda é mais bonita.
O Norte não tem nome próprio. Se o tem não o diz. Quem sabe se é mais Minho
ou Trás-os- Montes, se é litoral ou interior, português ou galego? Parece
vago. Mas não é. Basta olhar para aquelas caras e para aquelas casas, para
as árvores, para os muros, ouvir aquelas vozes, sentir aquelas mãos em cima
de nós, com a terra a tremer de tanto tambor e o céu em fogo, para
adivinhar.

O nome do Norte é Portugal. Portugal, como nome de terra, como nome de nós
todos, é um nome do Norte. Não é só o nome do Porto. É a maneira que têm e
dizer "Portugal" e "Portugueses". No Norte dizem-no a toda a hora, com a
maior das naturalidades. Sem complexos e sem patrioteirismos. Como se fosse
só um nome. Como "Norte". Como se fosse assim que chamassem uns pelos
outros. Porque é que não é assim que nos chamamos todos? »




Miguel Esteves Cardoso

sábado, fevereiro 10, 2007

"mudam-se os tempos..."

Os tempos mudaram...
Confesso que não sei por que razão terei abandonado a escrita no blog, mas a certa altura, de certa maneira, deixou pura e simplesmente de fazer sentido...

Entretanto apeteceu-me voltar ao blog e escrever... Escrever tudo o que me apetecesse... E apercebi-me que não me apetecia escrever rigorosamente nada...

Depois deixe de ter tempo para pensar na existência de um blog...

Agora voltei a sentir necessidade dele... Num impulso egoísta voltei a usá-lo, a servir-me dele só porque tenho esse direito e me apetece... A distãncia faz cada coisa às pessoas...

Voltei para confessar que a vida mudou demais e que o tímido recato dos meus quartos sente a falta do vigor e da turbulência dos amigos, das festas, da alegria....

Hoje sou um bocadinho mais triste... A vida endurece-nos, mas não nos tira a tristeza...

Hoje anseio pelos tempos antigos (se formos a ver bem não são tão antigos quanto isso... são só passados)...

E sinto a falta do meu Porto, e de tudo o que meti naquela gaveta que abro todos os dias e que tantas vezes me faz chorar... de alegria, porque tudo aquilo é único e foi meu... e de tristeza, porque o tempo não volta e gostava que assim fosse...

domingo, janeiro 22, 2006

amigos, amores e pessoas que são minhas!!! mesmo minhas!!!


Está bem...Posso até concordar que hoje me deu um ataque súbito de nostalgia... Talvez porque a partir de hoje vou ficar( e durante muito tempo) sem uma pessoa que amo...

No entanto, aqui ou no a expirar, fica um bocadinho... Mas não só pra essa pessoa, pra todas aquelas que me fazem falta e que quero rever... Apesar de as encontrar diariamente no meu coração...
Aos amigos, aos amores e às pessoas que são minhas, como raízes que me agarram ao chão... como ramos, extensão de mim mesma!!!


Como em outras situações, é Fernando Pessoa que se expressa por mim:

"Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora,
das descobertasque fizemos, dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas
dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento,
segue a sua vida.

Talvez continuemos a nos encontrar,
quem sabe...nas cartas que trocaremos
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses...anos...
até este contacto se tornar cada vez mais raro.
Vamos-nos perder no tempo....
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:
"Quem são aquelas pessoas?"
Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto!
-"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minhavida!"
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
Reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.
E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida,isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo.....

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades....
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

Fernando Pessoa

RECADO AO PORTO



Nas margens deste rio atormentado
É que está dependurado
O nome do meu país
Mistura, entre a fuga e a procura
Entre o medo e a loucura
Que estão na minha raíz
Meu Porto,Muito mais vivo que morto
Tu recusas o conforto
De quem está morto de ver
Por isso, eu te mando este recado
Porque vivo atormentado
Como um rio, que te fez
Daqui, houve nome Portugal, aqui
Tá tudo bem e tudo mal
Meu Porto, és o carinho que me tenho
És a ponte de onde venho entre o mar
E o quintal

Criança,
Ris e choras de seguida
Mesmo quando a tua vida
É o assunto da anedota

Sentir,É o teu modo de existir
E és capaz de mentir
Só p'ra não fazer batota

Meu Porto,
Revoltado e penitente
Invicto p'ra tanta gente
Só por ti és derrotado
Nas margens, do rio que te desflora
Há um vulcão que demora
E dorme acordado
Daqui, vou-me embora sem vontade, aqui
Eu renasci p'rá liberdade
Meu Porto, deixa andar nunca fiando
Que me dás de contrabando
A mentira, a verdade

Daqui, houve nome Portugal,
Tá tudo bem e tudo mal
Meu Porto, és o carinho que me tenho
És a ponte de onde venho meu Porto
Portugal

Post Scriptum - agradeço às meninas de tuna feminina de enfermagem s.joão por me terem dado a conhecer esta música que reflecte tão bem o Porto... muito mais vivo que morto!!!

sábado, dezembro 10, 2005

desabafuuuuuuuu

Mas porque raio é que temos de gramar com a originalidade igual de toda a gente?

Fazem falta coisas tão simples e banais que já ninguém se deve lembrar delas...Respirar o ar salgado da praia num dia de chuva... Sentar no chão da sala quando os sofás estão quase todos vazios só porque sim... Olhar pró espanta-espíritos que às vezes roda e faz barulho... E continuar a olhar a olhar pra ele sem fazer mais nada... Abraçar alguém só porque é bom...
Ir a sorrir, sozinha, pela rua fora, só porque vale a pena...

E pronto, isto tudo só porque vi 3 crianças a brincar na rua em vez de estarem agarradas a uma qualquer nova tecnologia... Só eles e uma bola de futebol....

domingo, novembro 13, 2005

estágio... brrrrrr....

Nunca pensei ficar tão longe do mundo... dos amigos, do blog, sa tuna, da borgalhada...

Hoje sou uma mulher diferente... LOOOOOOOOOL.... Pronto, eu explico... Sou uma pessoa que até já trabalha de manhã e se deita cedo...

O estágio, nos arredores do fim do mundo, afastou-me do que eu era... mas não deve ser por mais de um ano...

Mas vale tudo a pena por causa dos meus meninos (entenda-se, alunos/as)... É a coisa mais gratificante...

Não sei quando volto, se é que volto...

Não sei pra que escrevo... se escrevo...

Não sei, nem sei se me interessa saber...

Hoje estou do piorio...

Enfim...

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quarta-feira, julho 27, 2005

7 anos de emoções....



Tanto tempo que o relógio mediu em alegrias, emoções, aventuras, precalços, choradeiras, longas conversas e lutas de almofadas.... Tanto tempo que fica entre um sorriso e uma lágrima eternamente gravados em mim...

O breiner, a Rezyd, a Torrinha, a cave esquerda.... Entre outras casas que fui habitando mais ocasionalmente...

Os amigos daqui e dacolá... Os que ficaram, os que já foram indo... Os que deixo pra reencontrar e aqueles que certamente não volto a ver... Aqueles que conheci e comecei por não gostar e passei a amar... os que amava e passei a não gostar tanto... Os que se lembram... os que se esquecem ...

Uma roda viva de cumplicidades que ficam como tatuagem... Tantas noites bem vividas... e dias também... tanta coisa ainda por viver...

Sentir que o Porto é uma fonte insegotável de emoções... do outro lado... no outro lado... não há nada!

São sete anos que vou agora meter dentro de uma gaveta... Que volto a abrir todos os dias... Para não tardar a lembrança!

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